Blog Sem Fins Lucrativos, somente com o intuito de divulgar a carreira do piloto Bruno Senna e o IAS. Carol Lo Re

quinta-feira, 11 de março de 2010

Entrevista com Bruno Senna


Bruno Senna passou por alguns sustos nas últimas semanas com a reestruturação da Campos, que se tornou Hispania. Mas, apesar de um breve temor de perder seu lugar na F1, a equipe foi salva e ele vai fazer sua estreia em grandes prêmios neste fim de semana.

Autosport estava lá para ouvir os pensamentos de Senna sobre a tarefa adiante e os últimos meses de nervosismo, durante um encontro do brasileiro com repórteres hoje no paddock do Bahrein.

Pergunta: Agora que você está aqui, e que está tudo acontecendo, qual é a emoção?

Bruno Senna: É uma sensação ótima. Eu viajei para o Bahrein na segunda-feira - então você realmente tem a sensação de que as coisas estão começando a acontecer de verdade. Antes disso, eu estava cauteloso com as expectativas, porque eu sabia que nada ia ser super fácil.

É uma sensação ótima estar aqui, agora, neste paddock, e eu espero que a gente consiga aprontar tudo para o fim de semana da corrida. E também trabalhar um pouco com o lado bom, porque até agora nós só trabalhamos e vimos e ouvimos o lado dos negócios e da política, e não o lado do esporte, que é aquele de que eu realmente gosto.

P: Houve algum momento nas últimas semanas em que você pensou que a equipe não fosse dar certo?

BS: Sim, com certeza. Pouco antes de o Colin (Kolles) assumir a equipe, eu tinha expectativas muito baixas de que a equipe fosse dar certo, porque nós tinhamos gasto muito tempo tentando ser vendidos, tentando ser afiançados e tudo o mais. E eles fizeram um ótimo trabalho, considerando o tempo disponível. A equipe, Colin e todos os que entraram ou que já estavam lá, trabalharam 24 horas por dia, 8 dias por semana - eles criaram um dia extra na semana para conseguir trazer o carro para cá. E eles ainda continuam a toda velocidade. Os tempos difíceis ainda não acabaram.

P: Quando você recebeu a última ligação, ou e-mail, que disse que as coisas estavam acontecendo, que você tinha conseguido, que estava tudo 100% para o Bahrein?

BS: Nós só soubemos que vínhamos para o Bahrein no sábado, quando o carro foi embarcado faltando meia hora, então acho que nunca houve essa ligação. As nossas passagens e hospedagens foram marcadas semana passada, foi tudo de última hora, e só se resolveu realmente na semana passada.

P: Você está confiante de que há recursos suficientes para atravessar toda a temporada?

BS: Bom, nós também estamos trabalhando nisso. Eu acho que desde o começo do ano passado, quando nós assinamos um acordo, nós estamos procurando patrocinadores, e por uma razão ou outra não deu certo. Agora a equipe está pronta, então os patrocinadores ficam muito mais confiantes, e com isso nós conseguimos angariar alguns patrocínios. Agora nós temos que continuar trabalhando. Nós acreditamos que a equipe também vai receber mais dinheiro de investidores, então nós conseguimos começar a temporada dessa maneira. Vamos ter que esperar para ver como vamos conseguir continuar em termos de desenvolvimento, porque isso custa dinheiro, e não é pouco.

P: Que tipo de preparação você tem conseguido fazer?

BS: Eu tive bastante tempo para fazer treinos físicos, então eu estou em forma, mas obviamente não em forma para um carro de corrida. Eu consegui andar de kart alguns dias atrás, e fiquei com todos os músculos doloridos e condicionados de novo, e isso é melhor do que ir à academia ou pedalar e usar o meu aparelho de pescoço. Eu tenho um aparelho de pescoço da Technogym que trabalha bastante a musculatura do pescoço, então em termos de condicionamento físico está tudo bem. Eu postei no Twitter o meu vídeo na bicicleta, onde eu tive que exercitar multitarefas também. Fiz tudo que eu podia fazer em termos de preparação, mas a preparação de verdade é só no carro de corrida, e isso vai acontecer nos próximos dias.

P: O que você espera do fim de semana? O carro ainda não foi testado, então apenas dar algumas voltas já será uma grande conquista.

BS: Eu acho que o plano é sair agora na sexta, fazer um teste, uma volta de reconhecimento, voltar para os boxes, ver se nada está pegando fogo ou vazando, mandar o outro carro para a pista, e fazer isso algumas vezes, checando a eletrônica. Certamente a primeira hora e meia vai ser bastante calma, nós vamos fazer trechos curtos, observando tudo. Então nós temos que fazer em algumas horas tudo que as outras equipes fizeram em vários dias, esse é o nosso caso de qualquer maneira.

P: O que você responde aos outros pilotos que dizem que as coisas foram mais fáceis para você por causa do sobrenome Senna?

BS: Eu ouvia isso no começo, mas acho que à medida que passei pelos diferentes campeonatos os pilotos passaram a me respeitar. Eu acho que quando você cresce um pouco, as pessoas te respeitam um pouco mais. Eu tive o respeito dos outros pilotos, e tentei dar a eles todo o respeito possível.

P: Você disse antes que você está tratando este fim de semana um pouco como uma sessão de testes. O que você diria aos outro pilotos preocupados que você vá ser uma espécie de chicane ambulante?

BS: Eu não posso me preocupar com isso, porque o mais provável é que nós vamos ser mais lentos que o ritmo dos caras na frente, isso é certo. Mas nós temos que fazer o que podemos. Nós não podemos só nos preocupar com o que os outros estão pensando, considerando que essas são as nossas condições. E eu acho que simplesmente estar aqui já é uma vitória para nós, e nós vamos fazer o melhor que pudermos. Com certeza, se nós tivermos problemas, ou causarmos problemas, não vai ser de propósito, são apenas as condições com que nós temos de lidar. Além disso, eu não acho que nós vamos ser a única equipe a andar fora desse ritmo.

P: O que isso significa em termos de segurança? Porque obviamente é uma questão de segurança quando você tem um carro que é seis ou sete segundos mais lento do que outro.

BS: Isso não é tão difícil de se lidar. Eu corri na Le Mans Series com carros que eram de dois a vinte segundos mais rápidos por volta. É perfeitamente possível ter tráfego quando você tem um carro mais rápido. O que é preciso é que todos os pilotos se respeitem, e com certeza esse assunto vai ser tratado no briefing dos pilotos amanhã, e nós vamos discutir isso. Isso não é um problema.

P: Você acha que todos os outros pilotos estão de acordo com isso?

BS: Não, eu não acho. Eu acho que os pilotos nos carros mais rápidos vão ficar enfurecidos quando virem um piloto mais lento à frente deles. Mas as pessoas têm que lembrar que eles podem não estar para sempre na posição em que eles estão agora. Eles podem às vezes não estar ultrapassando, mas sendo ultrapassados. Como eu disse, é uma questão de respeito e de as pessoas darem passagem umas às outras.

P: Uns caras na Lotus ganharam uma corrida; o cara que estava na pole position aqui ano passado...

BS: Isso mesmo. Exatamente, é assim que funciona. Você sobe e desce, como eu disse. Nós só precisamos olhar nos nossos espelhos um pouco mais.

P: Você acha que vai apreciar este fim de semana?

BS: Eu já estou apreciando! É o começo de um sonho se tornando realidade pra mim. Eu tive um ano bem difícil até agora, começando no fim de 2008, onde parecia que as coisas surgiam apenas para serem tomadas depois.

Este ano estava começando a ir pelo mesmo caminho, e foi difícil aceitar isso porque há uma diferença entre você fazer alguma coisa errada e as coisas simplesmente darem errado. Se eu não sou rápido o bastante, se eu cometo um erro na pista, eu perco minha chance. Mas é outra coisa quando tudo está fora do seu controle e muda de direção de uma maneira que você não consegue se recuperar. Eu estou muito feliz por estar aqui e muito agradecido por estar aqui.

Por Jon Noble
Tradução livre