Livio Oricchio / NICE - O Estado de S.Paulo
Felipe Massa e Bruno Senna engrossam coro de brasileiros, festejam a segunda vitória da seleção na Copa do Mundo da África e fazem chacoalhar um dos destinos mais pacatos e badalados da Europa
O elegante Principado de Mônaco, com seu famoso e glamouroso cassino e o chiquérrimo Hotel de Paris, o suntuoso castelo do príncipe Albert II, porto de imponentes iates e do metro quadrado mais caro do mundo assistiu, ontem, a um espetáculo contrastante com sua conhecida fleuma: a celebração da vitória da seleção na Copa feita por um grupo de brasileiros, esportistas famosos, como eles provavelmente nunca viram.
"Não sei de onde apareceu, mas havia uma brasileiro que tocava violão, outro, pandeiro, e nós todos com a camiseta da seleção. A cada gol voava tudo", contou Bruno Senna, piloto da equipe Hispania de Fórmula 1, um dos personagens do alegre encontro no restaurante Sass Café. Ao seu lado estavam Felipe Massa, da Ferrari, sua mulher, Rafaela, Alberto Valério, piloto da GP2, e Carlos Iaconelli, piloto da AutoGP, categoria que substituiu a Fórmula 3000 Europeia este ano, dentre outros torcedores.
O são-paulino Massa, apaixonado por futebol, mora no Principado há mais tempo e sugeriu o lugar, curiosamente quase ao lado onde, em 1988, Ayrton Senna bateu sua McLaren, deixou de vencer o GP de Mônaco e disse ter aprendido uma lição definitiva na carreira: manter a concentração total sempre. Essa atenção à partida não faltou em nenhum dos pilotos, ontem no Sass, cuja mulher do proprietário é brasileira e ontem celebrava seu aniversário. "O dono é um camarada nosso", disse Bruno.
Seus comentários sugerem que todos estão acompanhando os jogos da Copa bem de perto. "Diego "Luís Fabiano" Maradona foi demais, gol de mão campeão", disse o "corintiano, claro" Bruno. "Se o Brasil e a Argentina forem os primeiros em seus grupos acho que a final vai ser entre os dois, que estão muito bem." Massa não só gosta como pratica futebol. Ele faz sua análise da vitória: "O Brasil jogou melhor do que eu esperava, cresceu em relação ao primeiro jogo, atuou com inteligência, tem time, sim, para lutar lá na frente da Copa." Uruguai e Holanda não podem ser desprezados, segundo Massa. "Estão jogando bem. E seleções que não foram bem, como Inglaterra, Alemanha, Espanha e Itália são bem superiores à maioria", lembra, acreditando que vão seguir fortes na competição.
Mas existe um time que merece todo o respeito para Massa: "A Argentina, está superbem." Luís Fabiano deixou saudades em Massa. "Como são-paulino, brasileiro, tudo o que aconteceu hoje foi sensacional para ele. Precisava marcar, depois de um tempo sem fazer gol, agora vai longe nessa Copa." Seu crescimento tem a ver com a evolução de Kaká, comenta. "Em melhor forma também, vai passar mais bolas para o Luís Fabiano."
Todos os pilotos querem ver a França fora da logo na primeira fase. São as dores ainda não cicatrizadas das Copas de 98 e 2006, quando o Brasil foi eliminado pelos Blues.