Passada a tempestade do escândalo Briatore-Piquet-Renault, o dia de ontem, no paddock do circuito de Cingapura, se transformou num centro de reuniões onde o tema principal foi: contratação de pilotos. Na realidade, definição dos detalhes finais desses acordos. Nos próximos dias muitas novidades deverão ser anunciadas na Fórmula 1 e que fazem da temporada de 2010, desde já, ser bastante atrativa. Por exemplo: Fernando Alonso como companheiro de Felipe Massa na Ferrari e a volta de Kimi Raikkonen à McLaren, para ser o parceiro de Lewis Hamilton.
Mas há muitas outras negociações em curso. Robert Kubica, o talentoso polonês, hoje na BMW, espera apenas a Ferrari confirmar Alonso para ele assinar o contrato com a Renault. “Está tudo definido. Aguardamos apenas a oficialização do Alonso na Ferrari para ratificar a nossa opção”, disse seu empresário, Daniele Morelli. A rescisão do contrato de Raikkonen com a Ferrari, para a chegada de Alonso, segundo se comentava ontem, teria sido resolvida em conjunto com a McLaren, que deseja contar com o piloto novamente.
Dispensar o finlandês, campeão do mundo de 2007, significará pagar-lhe o que receberia na próxima temporada por conta do compromisso assumido pelos italianos. Valor estimado: US$ 25 milhões. “Não está assinado ainda, mas os termos do acordo já foram estipulados. Esse valor será dividido entre as duas escuderias”, diz uma fonte com acesso aos responsáveis pelo negócio. Na Fórmula 1 sempre pode acontecer algo de última hora que comprometa o já acertado, mas nesse caso a possibilidade é pequena.
Outra novidade importante envolve a Brawn GP. O grupo de Abu Dhabi Aabar Investments é dono de 9,1% da Mercedes. Está prestes a adquirir 75% da equipe de Rubens Barrichello. E levará consigo o alemão Nico Rosberg, para a vaga de Rubinho. Também se aguarda apenas a discussão de detalhes para se concluir tudo e o fim da temporada para anunciar a reestruturação da organização dirigida por Ross Brawn, que permanecerá lá. Ross já disse a Rubinho que deseja mantê-lo na escuderia, mas “não depende apenas dele”. A dúvida é saber o que acontecerá se Rubinho for campeão do mundo.
Na hipótese bem provável de se concretizar a venda da maior parte da Brawn, o caminho de Rubinho deverá ser a Williams. “Sim, conversamos, e interessa”, disse, ontem, uma alta fonte do time. “As coisas estão mais claras agora, deveremos ter mesmo motor Renault em 2010. Esperamos a definição da Brawn para acertamos com os pilotos.” Se Rubinho não ficar mesmo na Brawn, como acena a própria fonte da Williams, o seu companheiro será o jovem e talentoso alemão Nico Hulkenberg, de 22 anos, campeão este ano da GP2, na sua estréia na competição.
O nome de Bruno Senna circulou no paddock do circuito de Cingapura. A exemplo do que já poderia ter ocorrido no fim do ano passado, Bruno tem boas possibilidades de correr pela Force India no próximo Mundial. E seria excelente começar num time em crescimento como o do indiano Vijay Mallya. Nada está definido ainda. A Petrobras regressaria à Fórmula 1 com esse projeto.
Há questões importantes a serem discutidas para tudo dar certo, como se espera. A Mercedes, fornecedora de motor e tecnologia para a Force India, utiliza motor Mercedes, que tem parceria com a Mobil para o uso de combustível e óleo lubrificante. E a Petrobras se interessa em continuar desenvolvendo tecnologia nas duas áreas. A empresa brasileira permaneceu na Fórmula 1, na equipe Williams, por dez anos, a partir de 1997. O período que antecede o GP do Brasil, dia 18 em Interlagos, promete ser pródigo de novidades na Fórmula 1.
por Livio Oricchio, Seção: Originais do Estadão