Uma década depois, o menino, então com 20 anos, estreava na F-BMW, na Inglaterra. Neste meio tempo, viveu um longo hiato em sua carreira no automobilismo, reiniciada após uma conversa com sua mãe, Viviane.
De 2004 para cá, o brasileiro passou pela F-3 inglesa, onde teve como melhor resultado no campeonato o vice-campeonato, em 2006, e pela GP2. No ano passado, terminou a temporada da categoria de acesso à F-1 em segundo.
Com isso, seus resultados o transformaram no piloto mais cotado para integrar a equipe Honda na F-1 em 2009. Foi aí que, como em 1994, sua carreira sofreu outro revés: a montadora acabou saindo da categoria e Rubens Barrichello foi confirmado como dono do cockpit da nova equipe, a Brawn.
"As coisas pareciam correr bem, estávamos próximos, tínhamos uma boa relação com o pessoal, enfim, estava indo tudo realmente para um lado mais positivo em termos de eu entrar para a equipe neste ano."
Embora diga que está decepcionado, Senna admite que, diante do contexto, a decisão por Barrichello foi a mais lógica. Se fosse Nick Fry no cargo de chefe de equipe - e não Ross Brawn -, porém, Senna diz que existia uma possibilidade maior de entrar na equipe.
Sobre sua relação com o piloto recordista em GPs disputados, Bruno garante que não houve nenhuma "bronca" entre os dois. Ao contrário: Rubinho chegou a ligar para a irmã do piloto.
"Achei muito legal dele. Pra mim não tinha nada pessoal, era uma disputa de posição em uma equipe. A gente não tem nenhum problema um com o outro".
Com a indecisão na F-1, Bruno traçou outros objetivos para 2009. Correu, no começo deste mês, a primeira etapa da Le Mans Series, os 1.000 km da Catalunha, e ainda deve participar dos 1.000 km de Spa-Francorchamps, em maio, antes de partir para uma das provas mais tradicionais do automobilismo: as 24 Horas de Le Mans.
Mesmo parecendo estar seguindo um caminho diferente do que deseja, o piloto garante: as coisas não são como parecem.
" É um pouco difícil enxergar de fora o que está acontecendo, parece que eu acabei ficando de lado, mas não é bem assim. Estamos muito bem amarrados com os pilotos de F-1, só esperando as coisas se estabilizarem na categoria, ninguém sabe como vai ser o regulamento pro ano que vem. Acho que, assim que tudo isso se concretizar um pouco mais, a partir de maio, a gente vai ter uma posição mais firme para poder estabelecer as metas pro ano que vem."
De todos os seus contatos na categoria, Senna ressalta a proximidade com Bernie Ecclestone, que, segundo ele, acreditava mais do que ninguém que Bruno entraria na Honda. Mesmo correndo em outra categoria, os dois ainda mantém contato, e o chefão da F-1 aprovou o projeto da Le Mans Series. "A única preocupação que ele tinha era de eu não me amarrar com isso. Ele continua enxergando que eu tinha uma chance na F-1."
Por fim, Senna deixa um recado para as meninas. "Estou solteiro agora. É um pouco complicado namorar com toda essa indefinição que está minha vida."
Ouça:
http://tazio.uol.com.br/outros/textos/9655/
Fonte: TAZIO - UOL