O brasileiro Bruno Senna concedeu uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, na qual aborda vários temas, desde o seu possível futuro na Fórmula 1, até aos anos que se seguiram ao desaparecimento do seu tio, Ayrton Senna.
Começando precisamente por aí, o jovem brasileiro lembra os anos seguintes ao trágico fim-de-semana de Imola em 1994, altura em que decidiu parar de competir, num interregno do automobilismo que durou vários anos, e que o levou, inclusive, a abstrair-se dos vários mundiais de Fórmula 1.
"Naqueles primeiros anos, não seguia a Fórmula 1 de forma atenta. Era um assunto delicado lá em casa. Não queria que a minha mãe ou qualquer outra pessoa me encontrasse a ver corridas, mesmo que eu quisesse", refere o jovem de 25 anos, lembrando que a competição automóvel nunca esteve longe dos seus pensamentos.
"Na minha cabeça, eu nunca desisti da ideia [de competir]. À medida que o tempo passava eu queria muito mas não sabia como o fazer, ainda que aceitasse a ideia de que não iria correr profissionalmente. Só mudei de ideias quando a minha mãe me perguntou se eu estava feliz com a minha vida ou se queria fazer algo de diferente", relembra Bruno Senna, que então confessou o seu desejo de voltar a competir, passo decisivo na sua carreira.
A partir daí, Bruno Senna pôde contar com o apoio de Gerhard Berger, amigo da família e antigo companheiro de Ayrton na Fórmula 1, e que lhe permitiu o primeiro teste com um monolugar, em 2004. "Julgo que o Gerhard se apercebeu de que se fosse ao contrário - se o Ayrton fosse vivo e ele não, e se fosse o seu sobrinho [de Berger] - o Ayrton teria feito o mesmo", explicou Bruno Senna, que no ano seguinte estava a competir na Formula 3 Britânica, a conselho do austríaco, considerando mesmo que "foi o melhor conselho" que alguma vez lhe deu.
Bruno Senna terá agora a oportunidade de testar com a Honda, marca com fortes ligações à família Senna, devido ao seu passado em conjunto, com filosofias de "trabalho e de pensar semelhantes, bem como os valores", relembrando ainda que as conversações entre ambas as partes tiveram inicio ainda antes do GP do Mónaco deste ano.
Para o próximo ano, no entanto, ainda nada está decidido, com o piloto a referir que espera ser o segundo piloto com capacete amarelo na Fórmula 1, fazendo alusão ao de Lewis Hamilton, cujo capacete envidencia uma homenagem a Ayrton Senna: "Eu sei, o capacete do Lewis tem uma espécie de tributo ao Ayrton e o meu também. Será fantástico lutar contra pilotos como ele. É isso que me motiva. (...) Sinto cada vez mais o prazer de lutar contra os melhores pilotos e a F1 é o melhor lugar para isso", concluiu o vice-campeão de GP2 em 2008.