Blog Sem Fins Lucrativos, somente com o intuito de divulgar a carreira do piloto Bruno Senna e o IAS. Carol Lo Re

sábado, 14 de agosto de 2010

Edição de 50 anos de aniversário da Revista 4 RODAS / AGOSTO de 2010


TAPAS NO CAPACETE

“ Na minha infância o Ayrton já tinha carreira no exterior. Vinha pouco ao Brasil, então cada visita era um evento. Ele era muito ligado à família e a nós, os sobrinhos. Tinha muitos compromissos, muitas vezes estava sob pressão, mas não deixava passar isso pra gente. Quando precisava se trancava numa sala e ficava no telefone. Com a gente, estava sempre de bom humor. Vivia aprontando , e nós éramos o principal alvo das brincadeiras. Nos passeios de barco eu era o primeiro a cair na água, querendo ou não. Ele sempre me jogava. Eu comecei a andar de kart com 5 anos, foi o pai do Ayrton quem me deu. Era um modelo da categoria cadete, mais fraquinho. Quando fiz 8 anos eu passei para o kart de 125 cm3, e aí sim pude brincar junto dele.  A gente empilhava o banco de cadete dentro do original e botava uns calços de madeira para eu alcançar os pedais. E enchia meu carro de chumbo, para igualar ao peso do kart dele. Não tinha jeito, podia botar 30 kg de lastro que o meu kart ficava ainda mais equilibrado. O Ayrton me explicava os pontos de freada e tangência da pista da fazenda. Ficava cronometrando as voltas e me dava uns tapas no capacete quando eu errava o traçado. Quando eu tentava ultrapassar onde não devia, ele me jogava para fora da pista, mas a gente não chegava a competir. Ele entendia que eu era uma criança, não um adulto, ia mais pelo lado da motivação que pela cobrança. Essa coisa de correr de kart já era natural em mim, então não posso dizer que ele estava intencionalmente preocupado em me formar. Mas na parte mecânica sim, essa era de propósito. Ele me passava a tarefa de regular a carburação  e velas dos Jet-skis dele, porque queria que eu aprendesse a mexer em motor. Já perguntei à minha avó [ Neyde ] como ela acha que o Ayrton seria hoje. Ela diz que seria mais empresário, ligado aos empreendimentos da fundação. Também acho que isso era muito forte, mas como piloto eu passei a entender o outro lado dele. Acho que estaria competindo em alguma categoria, como piloto ou dono de equipe. Mas ele não ficaria longe das pistas de jeito nenhum. “

                                                  Bruno Senna , sobrinho



Edição de 50 anos de aniversário da Revista 4 RODAS / AGOSTO de 2010


Depoimento retirado da matéria: “ Ayrton em cena “
Página 213
Digitado por Amanda Marques.