Blog Sem Fins Lucrativos, somente com o intuito de divulgar a carreira do piloto Bruno Senna e o IAS. Carol Lo Re

terça-feira, 14 de julho de 2009

Jornalista conta o que viu na edição de 2009 da famosa prova

O domínio da Audi em Le Mans estava entalado no orgulho francês havia quase uma década. A marca alemã vencera em oito das dez últimas edições, enquanto a última vitória francesa fora em 1993. Por isso a comemoração no treino classificatório da quinta-feira com a pole do Peugeot 908 do trio francês Stephane Sarrazin, Franck Montagny e Sebastien Bourdais.
Na largada lançada, o público vibrou quando Montagny impôs-se ao Audi R15 do escocês Allan McNish, campeão no ano passado. A festa aumentou ainda nas primeiras voltas quando os protótipos franceses do português Pedro Lamy e do austríaco Alexander Wurz também suplantaram McNish para formar o trio de “nacionais” à frente. Mas logo veio o primeiro e, ufa!, único susto francês da prova.
Os líderes Montagny e Lamy entraram praticamente juntos para reabastecer. Na saída, houve o toque entre os dois Peugeot. Lamy levou a pior, tendo de contornar lentamente os 13.629 metros da volta com a suspensão traseira esquerda danificada, e o pneu deteriorando, até chegar ao box. Perdeu sete voltas e qualquer chance de vitória. Montagny, ao contrário, saiu-se no lucro do enrosco e manteve-se à frente.
A liderança do trio Franck Montagny, Stephane Sarrazin, Sebastien Bourdais durou até sexta hora de prova, quando foram suplantados pelo Peugeot de Alexander Wurz, do inglês David Brabham e do espanhol Marc Gené, que venceu com uma volta de vantagem. Em terceiro e seis voltas atrás, chegou o Audi de Rinaldo Capello, Tom Kristensen, McNish.
Incentivado pelos locutores, entre os quais o francês radicado no Brasil Marc Arnoldi, a torcida fez a festa com a chegada em fila indiana do três Peugeot – incluindo o sexto colocado de Nicolas Minassian, Pedro Lamy e Christian Klien. Em relação aos combustíveis, o diesel saiu-se melhor ao abastecer os três primeiros colocados. O Lola Aston Martin dos tchecos Jan Charouz e Tomas Enge e do alemão Stefan Mucke, em quarto, foi melhor dos movidos a gasolina.
Os dinamarqueses Casper Elgaard e Kristian Poulsen e o francês Emmanuel Collard venceram na classe LMP2 com o protótipo Porsche RS Spyder do Team Essex, a 25 voltas. No último ano da categoria GT1 das pistas européias, o Corvette C6 R do norte-americano Team Corvette Racing mostrou sua força e venceu com o dinamarquês Jan Magnussen, o americano Johnny O’Connell e o espanhol Antonio Garcia.
Jaime Melo vence com Ferrari na GT2
Entre os representantes do Brasil na prova, o principal destaque foi Jaime Melo, que voltou a fazer bonito em Le Mans. Ele que já havia faturado o primeiro lugar em sua categoria no ano passado voltou a vencer na classe GT2, com a Ferrari F 430 GT, pela equipe norte-americana Risi Competizione. Na coletiva de imprensa, o brasileiro preferiu enaltecer o trabalho de preparação da equipe e dos companheiros de tocada, o finlandês Mika Salo e o alemão Pierre Kaffer. “Eu tinha muita confiança no acerto que a Risi tinha para a prova. O time esteve muito consistente e focado”.
Apesar de distribuir os méritos a todo o time, o fato é que Melo foi o principal trunfo na vitória sobre ao dez outros carros da marca italiana na prova e, sobretudo, em relação aos rivais da Porsche que pintavam como favoritos nas longas retas de Le Mans. Ele ficou com a principal parte na divisão do trabalho de equipe. Coube-lhe, além de classificar o carro, largar e fazer o fechamento da prova, guiando 10 das 24 horas da maratona. O brasileiro é hoje o principal nome da Ferrari no calendário europeu e norte-americano das séries Le Mans. O cumprimento mais demorado e carinhoso de Luca de Montezemolo instantes antes da largada (ver box) reforça essa ideia.
Bruno Senna foi inscrito pela Courage Oreca-AIM francesa na categoria LMP1 formando a trinca com o monegasco Stephane Ortelli e o português Tiago Monteiro. Para quem tinha como objetivo “ganhar quilometragem”, Senna considerou proveitosa sua primeira vez em Le Mans. "Foi legal conhecer outro tipo de competição, aqui tudo é muito diferente do que eu fiz até agora. Infelizmente, pagamos por erros que nos serviram de lição”, admitiu, referindo-se ao acidente em que se envolveu, assim como o do companheiro Ortelli, que provocou o abandono da corrida.
O carioca radicado na Inglaterra Thomas Erdos, o britânico Mike Newton e o americano Chris Dyson, com um Lola B08/80-Mazda Coupe, com Erdos ao volante, largou em quarto na LMP2 e se manteve entre os primeiros em sua classe até abandonar a corrida a cinco horas do fim.
Luca de Montezemolo em dias de superstar
A presença de Luca de Montezemolo como convidado pela organização para a bandeirada de largada em Le Mans no atual momento de crise da Fórmula 1 criou expectativas. Nos bastidores, aguardava-se qualquer possível indicação de que a Ferrari pudesse construir um protótipo para as 24 Horas, quem sabe igual à Toyota, que promete um carro híbrido diesel/elétrico para 2011. Político e bom jogador, não disse sim nem não. Mas teve tratamento de estrela por parte do público ferrarista nas arquibancadas. Foi ovacionado e acenou sempre aos torcedores enquanto cumprimentava os pilotos no grid.
Rafael Munhoz / Por Clóvis Grelak
Revista Racing